segunda-feira, 14 de maio de 2012

Dia 1: St. Jean Pied de Port - Roncesvalles

Entre mortos e feridos, salvaram-se todos. Para os que achavam que eu estava morto, nao, nao morri. Mas foi quase isso. Estou aqui porque sei que muitos estavam com saudades dos meus posts, porem esses 3 primeiros dias foram muito dificeis. Nem todos os lugares possuem conexao wi-fi.

Peco desculpas por esse post ser tao longo, mas nao poderia deixar de compartilhar a historia.

Primeiro dia do Camino e logo de cara pegamos a etapa mais difícil de todas: subir os Montes Pirineus a quase 1.500 m de altitude e cruzar 26 km em direcao a Roncesvalles, primeira cidade da divisa entre Franca e Espanha. Saimos as 8:40 am, pois perdemos um tempão arrumando a mochila. Logo, lição numero 1: sempre arrume a sua mochila na noite anterior para ganhar tempo.

Saindo de St Jean Pied de Port

Saindo de St Jean Pied de Port

Como sabíamos que não haveria como comer no alto da montanha, levamos mantimentos: 4 bananas, uns sticks de queijo suico e amêndoas que compramos no Carrefour no dia anterior. So que a banana, não era uma bananinha. A banana que levamos era um tolete que devia pesar 1,5kg.

O tempo estava bem nublado e frio, em torno de 5 C. Logo no inicio, ao deixar St Jean Pied de Port pela “Port de Espagne” encaramos uma subida muito forte e muito ingrime. Os primeiros 8 km de subida foram bizarros. Usamos os bastões para nos ajudar a subir e acreditem: eles fazem total diferença para subidas e descidas, além de servir como apoio, considerando-se que estamos carregando 12 kg nas costas.
Depois de 3 km a visibilidade era de 10 m.  A medida que fomos subindo, a visibilidade foi baixando.

Subindo os Pirineus Franceses

Levamos 3:30 horas para chegar ao Refuge Orisson, único aubergue nos Pirineus, que ficava a 8 km do começo do Camino. Depois de Orisson, não há mais nenhum aubergue e nenhum outro tipo de serviço, ou seja, nao da para comprar nem agua, nem bebida ou comida.

Essa e' a vista da varanda do Refuge Orisson num dia normal:



Essa e' a vista que vimos quando passamos por la:



Esse era o meu estado ao chegar no Refuge Orisson, completamente derretido apesar do frio.


Este era o estado do nosso mapa. No final do dia ele nao existia mais.



Meu pai perguntou se eu queria pernoitar no aubergue. Eu, machao, achei que ainda estava bem saudável e que aguentaria andar mais. Ai se arrependimento matasse. Mal sabia eu que ali era so o começo da brincadeira. Seguimos subindo e a visibilidade chegou a 3 metros, dificultando muito enxergar os sinais que indicam o Camino. Para se ter uma ideia nem conseguíamos enxergar os pirineus.

Com a visibilidade ruim, nos perdemos em Vierge de Biakorri (Virgem de Biakorri), a 1095 metros de altitude. Andamos 5 km na direção errada e tivemos que voltar tudo ate o ponto da Virgem de Biakorri, onde encontramos uns canadenses e comecamos a segui-los, felizmente na direção correta. A esta altura já não tínhamos mais agua e não haviam mais fontes. Estavamos a 1435 metros de altitude, subindo uma estrada de pedras e um precipício gigantesco ao lado.

Depois de algumas horas caminhando encontramos uns espanhóis que generosamente nos cederam uma garrafa de agua. Algumas horas depois comecamos a descer o vale, que não e' recomendado por ser muito ingrime e dificil. Porem, como estávamos exauridos e não queríamos errar de novo, decidimos descer, pois era a única indicação visível . A descida castigou demais. Eu não tinha mais forcas. Minhas pernas já não aguentavam mais, nao obedeciam ao comando do meu cerebro. Paramos diversas vezes com muita dor. Eu realmente entendi a expressão: “a sua batata esta assando”. A minha já estava esturricada.

Chinguei muito tudo, pensei varias vezes em desistir. Essa tal de Roncesvalles era a cidade que nunca chegava. Após descer 5,5 km de Vale, chegamos a Ronscescalles as 20:40 completamente destruídos. O que era para levar 9h decaminhada, levou 12h.

A chegada a Roncevalles foi realmente epica. Nos dois pareciamos dois mortos vivos, completamente exaustos, a procura de um lugar para ficar. Tentamos em dois aubuerges sem sucesso, quando finalmente achamos um hostal com vaga. Foi uma das melhores sensações da minha vida. Tomamos um banho, um celebra e passamos todos os cremes anti-inflamatorios que encontramos. Para finalizar, quase ficamos sem jantar. Os restaurantes em cidades pequenas fecham as 22h e chegamos la as 21:50.

Depois de um dia muito difícil, precisávamos repor as energias.O prato estava muito bom, assim como a cerva, que estava geladaca.



Aos engraçadinhos que estão comentando a respeito do Camino Gastronomico, saibam que gastamos muita energia ao caminhar uma media de 25 km por dia.

Licao final do dia: Superacao de todos os seus limites: físicos e psicologicos. Mesmo quando você acha que não tem mais forcas e acha que já deu tudo, você consegue dar algo a mais para alcançar os seus objetivos.

3 comentários:

  1. Parabens pela forca de vontade em superar os obstaculos. Foi bem duro nao foi? Como diz uma conhecida nossa "foi uma boa experiencia"kkkkkk

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  2. Meus parabéns por terem cumprido a parte mais difícil do caminho! A Pfizer bem que podia patrociná-los...olha o free marketing...
    Beijos e boa sorte!

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  3. Bom dia e boa jornada!!!! Agora que voces ja deram provas de saberem enfrentar as adversidades.....tudo vai parecer mais facil daqui por diante, beijos

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